O desenvolvimento de instrumentais cirúrgicos modernos permitiu uma revolução no tratamento dos cálculos renais. Atualmente, quase todos os casos são tratados com procedimentos minimamente invasivos, com rápida recuperação e baixos riscos. As principais opções cirúrgicas são:

  1. Ureterorrenolitotripsia semi-rígida ou flexível a laser – realizadas pelo canal da uretra, sem incisões cirúrgicas, especialmente para cálculos do ureter e do rim menores de 02 cm.

  2.  Nefrolitotripsia percutânea – procedimento sob anestesia geral, para cálculos renais maiores de 02 cm, com incisão de 2-3 cm, punção do rim, dilatação do trajeto até o rim, fragmentação e retirada dos cálculos maiores pela região lombar.

A cirurgia robótica é um refinamento da cirurgia videolaparoscópica, onde um robô auxilia no procedimento. A máquina é comandada totalmente pelo médico, ou seja, ela reproduz os movimentos do cirurgião, que comanda todo o procedimento em um console próximo a mesa cirúrgica onde está o paciente. Ao lado do paciente fica o cirurgião auxiliar que introduz e troca as pinças através dos trocateres.

A cirurgia videolaparoscópica é um procedimento minimamente invasivo que possibilita a abordagem dos órgãos internos por meio de pequenas incisões. É realizada com o auxílio de uma câmera conectada a uma ótica que é introduzida através da parede abdominal, sendo as estruturas manipuladas com auxílio de pinças. Hoje em dia, praticamente não há contraindicações para a realização desta técnica. Na urologia ela pode ser utilizada em uma grande variedade de procedimentos, trazendo benefícios aos pacientes como: menor tempo de hospitalização, retorno mais rápidos às atividades profissionais, menos dor e chance de infecção de ferida operatória com um excelente resultado estético. O procedimento é realizado sob anestesia geral, em seguida são introduzidos os trocateres, por onde é insuflado com gás-carbônico, a câmera e as pinças. Com isso ganha espaço na cavidade para poder realizar o procedimento. Exemplo de uma cirurgia por videolaparoscopia é a Prostatectomia radical que consiste na remoção cirúrgica da próstata devido ao câncer de próstata. Outro procedimento muito realizado é a nefrectomia radical e parcial, ou seja, remoção do rim ou parte dele.

A cistoscopia, ou endoscopia da bexiga, é um dos exames mais realizados na urologia. Consiste na introdução de um aparelho chamado cistoscópio, que acoplado à uma câmera, permite transmissão das imagens para um monitor e visibilização da parede interna (mucosa) da bexiga. É um exame realizado em centro cirúrgico, com o paciente sedado para maior conforto. Permite avaliar a mucosa da bexiga, em casos suspeitos de inflamações (cistites), sangramentos urinários, avaliação da próstata e bexiga, investigação de tumores de bexiga, entre outros. Quando há alguma lesão suspeita, é retirado um pequeno fragmento por biópsia e enviado para análise por médico patologista.

O cateter ureteral, ou comumente chamado cateter duplo J, é uma prótese temporária de silicone com diversas utilidades na urologia. É implantado no ureter (canal que drena a urina do rim à bexiga), com uma extremidade em cada localização. Tem diversos objetivos, tais como auxiliar na cicatrização de um ureter lesado ou que foi operado, ajudar a eliminar pequenos fragmentos de cálculos renais ou ureterais após cirurgia para remoção dos mesmos, facilitar a drenagem interna de urina do rim até a bexiga em situações de compressão do ureter, entre outros. O cateter deve ser retirado ou trocado em até 90 dias, pelos riscos de calcificação no mesmo.

A pieloplastia é a cirurgia mais realizada para tratar casos de estreitamento da JUP, ou junção do ureter com a pelve renal. O ureter é o canal que drena a urina do rim até a bexiga. A estenose da JUP é a malformação congênita urinária mais comum, acometendo 1 a cada 1500 nascidos vivos. A falta ou atraso no tratamento da estenose pode levar à formação de cálculos renais, infecções urinárias, dor lombar, formação de cicatrizes renais e deterioração ou até perda da função do rim afetado. O tratamento é idealmente realizado por videolaparoscopia pura ou combinada com plataforma robótica, com menores taxas de complicações, menos dor, menor sangramento e alta hospitalar mais precoce, além do ganho estético com cicatrizes discretas.

É a cirurgia realizada para os casos de hiperplasia prostática benigna, quando o volume da próstata já é muito grande (normalmente acima de 80 a 100 gramas) e já não pode ser realizada pelo canal da uretra (a chamada ressecção endoscópica ou transuretral da próstata). O objetivo dessa cirurgia é retirar apenas o tecido prostático que está com volume aumentado e comprime o canal da uretra e a bexiga, dificultando a micção. A próstata não é completamente retirada na prostatectomia suprapúbica, ao contrário dos pacientes submetidos à prostatectomia radical para câncer de próstata – o que faz com que a cirurgia seja mais rápida e menos agressiva, com menor taxa de complicações. Existem modernas técnicas de ressecção prostática a laser que permitem que próstatas de volumes maiores que 80 a 100 gramas também sejam operadas pelo canal da uretra, de modo minimamente invasivo. A plataforma de cirurgia robótica também pode ser utilizada nestes casos.

A prostatovesiculectomia radical é a cirurgia realizada nos homens com diagnóstico de câncer de próstata. Inclui a retirada completa da próstata e das vesículas seminais. É uma das modalidades de tratamento para câncer de próstata, visando a cura e/ou controle da doença. Objetiva controle oncológico, manutenção da continência urinária e da função sexual do paciente. Pode ser realizada por métodos menos agressivos e invasivos, como videolaparoscopia pura ou com plataforma robótica. É necessário avaliação individual, com critérios como idade, comorbidades, valores do PSA, características da biópsia, entre outros, para definir se o paciente é candidato a essa cirurgia.

É a cirurgia mais realizada para próstata no mundo, indicada para os casos de aumento benigno da próstata, a chamada hiperplasia prostática. Está indicada para os pacientes que não tenham alcançado sucesso com o tratamento medicamentoso de redução da próstata, pacientes com retenção urinária pela hiperplasia e uso de sondas urinárias, em pacientes com distúrbios na bexiga secundários à hiperplasia prostática, entre outros. É realizada pelo canal da uretra, com introdução de aparelho chamado ressectoscópio, para remoção do volume excessivo da próstata. É uma cirurgia muito segura e com excelentes resultados quanto à melhora dos sintomas urinários a longo prazo. Existem modernas técnicas atualmente, como ressecção com Greenlight Laser ou enucleação prostática a laser, além da ressecção transuretral da próstata clássica, que permitem, inclusive, ressecar próstatas maiores que 80 gramas por técnicas minimamente invasivas e endoscópicas.

É a cirurgia realizada em praticamente todos os casos de tumor na bexiga. O procedimento é realizado com introdução de aparelho pela uretra chamado ressectoscópio, sob anestesia, que visa ressecar o tumor do interior da bexiga e retirar material para a biópsia do médico patologista. A depender das características da biópsia e da agressividade do tumor, o paciente pode ser apenas acompanhado, pode necessitar de novo procedimento endoscópico ou até necessitar de cirurgia mais agressiva, com a retirada completa da bexiga e reconstrução da via urinária.

A reversão microscópica da vasectomia é a cirurgia realizada para restabelecimento do ducto deferente, o principal canal ejaculatório, que é ligado e seccionado durante a vasectomia. Tem melhores resultados quanto menor o tempo decorrido da vasectomia, mas há estudos comprovando bons resultados inclusive em pacientes que realizaram vasectomia há quinze anos ou mais, com taxas de gravidez iguais e/ou até melhores do que os procedimentos de inseminação artificial. É uma cirurgia delicada e meticulosa, realizada idealmente com aumento de imagem proporcionado por microscópio cirúrgico, para obtenção de melhores resultados quanto à recanalização do ducto deferente.

A varicocele é uma condição muito frequente na população masculina, estando presente em até 30% dos homens. Caracteriza-se por dilatação e tortuosidade das veias do cordão espermático, que drenam o sangue do testículo. Estudos comprovam que alguns pacientes podem ter dificuldade na fertilidade devido à varicocele, com piora na quantidade e/ou qualidade do sêmen. Nos pacientes que têm indicação cirúrgica, a técnica microcirúrgica subinguinal supera as outras, por menor índice de complicações, menor recidiva, menor taxa de lesão de artéria testicular e melhores resultados quanto à qualidade do sêmen após a operação.